O que há na garrafa de água mineral?
Nomes e rótulos atraentes e que evocam paisagens imaculadas nos
convenceram de que a água mineral é a bebida mais pura do mundo. “Mas ninguém
deve pensar que a água engarrafada é mais regulamentada, protegida ou segura do
que a água da torneira”, afirma Margaretha van Weerelt, chefe do Laboratório de
Microbiologia Aquática do Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ) . “As agências concessionárias são obrigadas a entregar em
sua casa água apropriada para o consumo”, diz.
A lei brasileira não proíbe o engarrafamento de águas provenientes de
fontes artificiais, mas determina que as empresas que utilizam essas fontes
dêem o tratamento e a mineralização adequados à água antes da comercialização.
Água mineral pirata
Nesta etapa, um dos maiores perigos para o consumidor é a água mineral
"pirata" - que não foi fiscalizada pelos órgãos responsáveis e pode
vir de fontes contaminadas por substâncias tóxicas ou microrganismos.
Em 2006, a Pro Teste, organização não-governamental de defesa do
consumidor, testou 15 marcas de água de garrafão vendidas no
país. O resultado não foi negativo, mas preocupante: embora 80% não
revelassem grandes problemas, os rótulos das águas de garrafão continham
informação incompleta e quantidade errada de minerais, além de não mostrarem a
data de validade ou instruções para conservação.
Outras três marcas de água de garrafão apresentaram a bactéria
Pseudomonas aeruginosa. Ela não oferece risco, a princípio,
para quem está saudável de modo geral, mas o achado representa falha no
processo de desinfecção.
A contaminação da água mineral em
garrafas é mundial
A contaminação da água engarrafada desde a sua fonte é tema preocupante
também em outros países. A ONG americana Natural Resources Defense Council
(NRDC) descobriu que amostras de duas marcas de água mineral estavam
contaminadas por ftalatos, em um dos casos, excedendo os padrões para água
potável da EPA, Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos. Essas
substâncias químicas – utilizadas para tornar os plásticos maleáveis, e que são
encontradas em cosméticos e fragrâncias, cortinas de chuveiro e até
brinquedos de bebês – estão sob investigação cada vez mais minuciosa. Elas são
interferentes endócrinos, que bloqueiam ou imitam os hormônios humanos,
afetando as funções normais do corpo.
Quando expostos a níveis muito elevados de ftalatos durante os períodos
críticos do desenvolvimento, fetos masculinos podem sofrer malformação nos
órgãos reprodutores, inclusive a ausência de descida dos testículos.
Especialistas relacionam os ftalatos à baixa contagem de espermatozóides.
As garrafas de água mineral não contêm essa substância química, o que
significa que os ftalatos detectados pelo NRDC provavelmente entraram na água
durante o processo de engarrafamento, ou estavam presentes na fonte original
(também já foram encontrados ftalatos em água da torneira).
Como armazenar e transportar galões e
garrafas de água mineral
O professor afirma que o problema não está só na armazenagem, mas no
jeito como transportamos a água. Muitas pessoas bebem água comprada em galão e
deixada num carro quente, horas a fio. “A exposição ao sol, desta maneira,
altera o equilíbrio químico, especialmente se for uma água mineral da fonte.
Isso não tem a ver com a garrafa, mas com os componentes que já estavam na água
quando ela foi recolhida.” Segundo ele, a exposição ao sol também é o motivo
pelo qual, por exemplo, há formação de limo em alguns bebedouros. “Essas algas
não fazem mal, mas o consumidor sente uma repulsa inicial, e pensa que a água
está estragada, imprópria para o consumo.”
Mas, a exemplo de outros debates sobre produtos químicos, ainda não
sabemos quais os riscos exatos para a saúde que as embalagens de plástico e o
armazenamento equivocado da água mineral podem oferecer.
Enquanto isso, pesquisadores no mundo inteiro já levantaram bandeiras de
advertência com relação a certas substâncias químicas específicas. O antimônio,
por exemplo, é um produto químico potencialmente tóxico utilizado na fabricação
do PET. Ano passado, cientistas da Alemanha descobriram que, quanto mais tempo
uma garrafa de água fica armazenada (na loja ou em casa), mais antimônio
desenvolve. Altas concentrações de antimônio podem causar náusea, vômitos e
diarréia.
Em julho de 2007, um comitê dos Institutos Nacionais de Saúde dos
Estados Unidos (NIH) concordou que o bisfenol A (BPA), produto
químico encontrado no policarbonato (utilizado na fabricação de garrafões de
água para resfriamento, garrafinhas de água de uso esportivo e outros plásticos
rígidos, mas não do PET), pode causar problemas neurológicos e
comportamentais em fetos, bebês e crianças.
Outra pesquisa, patrocinada pelos NIH, descobriu que o risco era ainda
maior, afirmando que a exposição de adultos aos efeitos do BPA provavelmente
comprometeria o cérebro, o aparelho reprodutor feminino e o sistema
imunológico.
O que você precisa saber sobre o flúor
A maioria das águas engarrafadas não tem adição de flúor (se tiver, isso
será mencionado no rótulo). As crianças estão consumindo cada vez mais água
engarrafada e menos água do filtro fluoretada, o que pode estar relacionado a
um aumento dos problemas dentários. Suzana Beatriz Fúcio, professora de
Odontologia da Universidade Federal do Paraná, tranqüiliza os pais. “O uso de
dentifrício uma vez ao dia fornece a quantidade adequada de flúor para a
proteção dos dentes da criança”, afirma ela. “Além disso, quase toda a água
fornecida por vias públicas no país é fluoretada, com exceção de áreas rurais
ou que não dispõem de saneamento. Mesmo sem consumi-la diretamente, toda a
família tem contato com a água fluoretada, seja ao comer alimentos preparados
com ela, ou ao utilizá-la para bochechos durante a escovação."
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